José Antonio da Silva | Almeida & Dale

José Antonio da Silva

Sales Oliveira, SP, 1909 São Paulo, SP, 1996

Filho de lavradores de cafezais do interior de São Paulo, José Antonio da Silvia performou diversos trabalhos em fazendas das regiões norte e nordeste do estado durante os primeiros vinte anos de sua vida adulta. No início dos anos 1930, após ter se casado com Rosinha do Jaborandi e com ela ter tido seus primeiros filhos, ele constrói sua casa às margens de um riacho na propriedade de um fazendeiro na qual exercia as funções de cortador de madeira e árvores. Em 1936, abandona o trabalho em fazendas ao se mudar definitivamente para São José do Rio Preto, onde começou a trabalhar como porteiro em hotéis e outros estabelecimentos. O ciclo do café trouxera a proliferação dos núcleos populacionais no interior do estado, bem como maximização dos centros urbanos, ferrovias e indústrias, que se mesclaram ao mundo rural das economias do algodão, da pecuária e da cana-de-açúcar. Nos anos 1940, as pinturas de José Antonio da Silva sinalizam as mudanças do tecido social nessa região. Suas paisagens muitas vezes incluem figuras de trabalhadores liberais, colonos, fazendeiros e lavradores – seja em cenas de descanso, lazer ou trabalho.

Na contramão de uma exaustiva rotina de trabalho manual que lhe recompensava com miséria e, contra seu meio social, José Antonio da Silva começou a desenhar. Quando criança, desenhava utilizando folhas de café e, já adulto, fazia desenhos a lápis sobre papelão que então usava para decorar a casa em que morava com sua esposa. O fato não passou despercebido por seus familiares e seus desenhos lhe renderam o rótulo de lunático.

Em 1946, Silva se informa sobre um concurso de pintura organizado pela Casa de Cultura de São José do Rio Preto. Na época, o artista, sua esposa e seus seis filhos habitavam juntos em um único cômodo cedido pelo Centro Espírita Allan Kardec da cidade. Sem dinheiro para comprar telas, Silva pintou seus primeiros três trabalhos sobre flanela. Eles são enviados para a mostra e chamam atenção do júri, composto pelos críticos Lourival Gomes Machado, Paulo Mendes de Almeida e pelo filósofo João Cruz Costa – todos ligados ao modernismo paulista. Apesar do júri ter indicado Silva para receber o primeiro lugar do concurso, a comissão organizadora anula a decisão e o relega ao quarto lugar.

O reconhecimento dos críticos, todavia, renderiam frutos duradouros à trajetória de Silva. Apenas dois anos depois, em 1948, recebeu sua primeira mostra individual na Galeria Domus, em São Paulo. As trinta e sete obras apresentadas na mostra eram compostas por paisagens da zona rural de São Paulo: plantações de café, bois, trabalhadores do campo, bem como cenas de violência e flagelo. Em ocasião desta mostra, Pietro Maria Bardi adquiriu dez obras do artista para a coleção do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP. Neste mesmo ano, Francisco (Ciccillo) Matarazzo adquiriu a obra A fazenda de café e a doou a Nelson Rockfeller, para que fosse incluída no acervo do Museum of Modern Art of New York MoMA (hoje a obra não pertence ao acervo do museu e sua localização é desconhecida).

Já no ano seguinte, em 1949, José Antonio da Silva participava de mostras ao lado dos mais importantes pintores modernos brasileiros, como Alfredo Volpi, Aldo Bonadei, Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho. Neste ano, o Museu de Arte Moderna de São Paulo publicou o primeiro romance do pintor, intitulado Romance de minha vida. Durante a década de 1950, Silva participou de diversas mostras nacionais e internacionais. Em 1951, participou da I Bienal de São Paulo; em 1952, participou com duas telas na XXVI Bienal de Veneza; em 1953, foi selecionado pelo júri para participar da II Bienal de São Paulo; em 1955, foi novamente selecionado pelo júri para participar da III Bienal de São Paulo. Foi recusado na IV Bienal de São Paulo, fato que provocou reação enfurecida no artista, levando-o a produzir uma série de pinturas em teor provocativo à instituição. Em 1959, Henry Ford II adquiriu a obra Paisagem da fazenda e a doou ao Detroit Institute of Arts (EUA). Ainda neste ano, José Antonio da Silva participou da importante Brasilianische Kunst der Gegenwart / Brazilian Art Today, ao lado de artistas como Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Flávio de Carvalho e Di Cavalcanti. A mostra itinerou por diversos países da Europa.

Durante os anos 1960, a obra de José Antonio da Silva continuou a receber crescente reconhecimento institucional. Com destaque para a sala especial dedicada à sua obra, em 1966, na XXXIII Bienal de Veneza. Silva participou de Bienais de São Paulo até 1967, ano em que submete uma grande lista de trabalhos e recebeu a aprovação de apenas dois deles. O acontecimento fez o artista romper definitivamente com a instituição e dar continuidade ao conjunto de trabalhos críticos à Bienal. O descontentamento com a Bienal também o levou a criar, em 1968, o Museu Municipal de Arte Contemporânea de São José do Rio Preto. Em 1967, o artista começou a realizar a Via Sacra para a Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, localizada no Butantã.

Ao longo das décadas seguintes, Silva já integrava diversas exposições antológicas sobre arte brasileira, participou de diversas mostras nacionais e internacionais, bem como foi agraciado com prêmios e mostras retrospectivas em instituições públicas. O artista, ainda em vida, começou a ser citado em diversos livros, textos e dicionários de história da arte brasileira, como aqueles escritos por Pietro Maria Bardi, Theon Spanudis, Mário Pedrosa, Ferreira Gullar e Frederico Morais.

Obras de Silva integram acervos de museus como o Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC USP; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro; Pinacoteca de São Paulo; e Detroit Institute of Arts, EUA.

Tiau? Bienal?, 1983

óleo sobre tela
72 x 52 cm

Retrato do Volpi 84 Anos, 1980

óleo sobre tela
70 x 50 cm

Sem título, 1955

óleo sobre tela
45x60cm

Sem título, 1961

óleo sobre tela
60 x 100 cm

Sem Título, 1986

óleo sobre tela
38x55cm

Grande Algodoal, 1976

óleo sobre tela
80x150cm

Cachoeira, 1986

óleo sobre tela
40x30cm

Sem Título, 1977

óleo sobre tela
42x60cm

Sem Título, 1971

óleo sobre tela
69x99,5cm
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